2017-01-19
Nos últimos três meses de 2016, a economia portuguesa terá registado um crescimento de 0,6% em relação ao trimestre anterior, de acordo com a síntese de conjuntura trimestral publicada hoje pelo Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), da Universidade Católica. No que diz respeito ao crescimento homólogo, o relatório apontou um aumento de 1,8% no quarto trimestre, uma revisão em alta da projecção para o conjunto de 2016.
Os economistas da Católica justificam a estimativa de crescimento com a “surpresa positiva” dos dados recentes sobre o Produto Interno Bruto (PIB) apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) do terceiro trimestre, que apontam para um crescimento de 0,8% em cadeia e de 1,6% em termos homólogos.
Caso se confirme a projecção para o crescimento do quarto trimestre da NECEP, estaria assegurado “um crescimento de 1,3% em 2016”, com “0,4 pontos percentuais acima do previsto” há três meses.
A hipótese de ocorrência de efeitos pontuais “não deve ser colocada inteiramente de parte”, principalmente “os que decorrem da política orçamental que se tornou progressivamente mais intensa ao longo do ano passado”, considerando a reposição integral do salário e a diminuição do IVA na restauração, de acordo com os economistas da Universidade Católica.
A estimativa para o crescimento trimestral do PIB comporta “a incerteza adicional de poder reflectir um estímulo orçamental e não tanto uma dinâmica subjacente mais forte da economia”, explica o NECEP.
Tendo em conta o “contexto de relativa neutralidade” do Orçamento do Estado para 2017, a Católica prevê “uma propagação deste efeito ao primeiro semestre do corrente ano”, que “deverá favorecer o crescimento anual em 2017”.
Assim, o núcleo de estudos da Católica antecipa um crescimento de 1,7% da economia portuguesa, depois de melhorar em 0,6 pontos percentuais a previsão para este ano.
“Passados estes efeitos pontuais, é de esperar o retorno a uma trajetória de crescimento moderado, projetando-se um crescimento do PIB em torno de 1,4% em 2018 e 2019”, pode ler-se no relatório, que sublinha a expectativa de que o ritmo de crescimento abrande.
Estas projeções do núcleo de estudos da Universidade Católica são mais otimistas do que previsões do Governo, que espera que a economia portuguesa tenha crescido 1,2% este ano e que acelere ligeiramente este ritmo para os 1,5% em 2017.
A Católica afirma que os riscos das projeções “continuam a ser de natureza financeira, quer os relativos à capitalização do setor bancário, quer ao processo de consolidação das finanças públicas”.
Retirado de: Económico